A superação dessa realidade exigiu enorme esforço intelectual da sociedade germânica nos campos da Filosofia (Hegel), Economia (List), Direito (Savigny), Geografia (Humboldt e Ritter) etc, que desembocou em iniciativas como o Zollverein de 1834 (aliança aduaneira).

Partindo da idéia de totalidade advinda do pensamento de Hegel, a Geografia articulou criativamente em suas análises as relações entre sociedade e natureza. Os estudos sobre as linhas isotérmicas, botânica tropical e fenômenos humanos de áreas menos desenvolvidas elaborados por Alexander von Humboldt e os ensinamentos de Carl Ritter na Universidade de Berlim para futuros mestres como F. Ratzel (Geografia Humana), E. Reclus (Geografia Libertária) e P. La Blache (Geografia Regional) consolidaram o conhecimento geográfico como poderosa ferramenta de compreensão do mundo, amplamente utilizada pelos Estados alemão (construção da identidade nacional) e francês (utilização dos fatores produtivos regionais).

Em resumo, os posteriores trabalhos de A. Cholley (Combinações Geográficas), J. Tricart (Geomorfologia e Ecogeografia), V. Sotchava (Geossistemas), J. Dresch (Geografia Marxista) e outros, respeitando o legado da Geografia Clássica, engrandeceram o saber científico e mantiveram seu caráter de interrogação permanente do mundo. (P. Monbeig)

No Brasil, os estudos pioneiros de Everaldo Beckhauser (Geografia Política do Brasil), Delgado de Carvalho (Climatologia do Brasil) e Josué de Castro (Geografia da Fome), somados à progressista Missão Científica Francesa (P. Monbeig, P. Deffontaines, F. Ruellan, etc), contribuíram na formação de uma brilhante geração de geógrafos nos anos 1950 (A. Ab´Saber, C.A. Monteiro, A. Mamigonian, M. Santos p.ex) que, com o apoio de instituições de ensino e pesquisa (USP, Universidade do Brasil – RJ, AGB, CNG/IBGE, etc), prestaram suporte ao projeto nacionalista responsável pela acelerada modernização da economia brasileira inaugurada com a Revolução de 1930.

Compete aos geógrafos brasileiros apreenderem as transformações históricas e contribuírem na construção de um projeto desenvolvimentista que incorpore os segmentos mais desfavorecidos de nossa população, retomando os ensinamentos dos grandes pensadores da Geografia. 

Parabéns pelo 29 de maio, dia do Geógrafo.

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Pesquisador do Laboratório de Planejamento Urbano e Regional – LABPLAN/UDESC

Professor dos Departamentos de Geografia e Economia da UDESC