Até o final deste ano, os países periféricos da Zona do Euro deverão pagar 189 bilhões de euros referentes ao vencimento de bônus e parcelas de taxas de juros. No que diz respeito à Grécia, embora tenha conseguido até agora pagar suas obrigações relativas aos cupões dos bônus, se alguém olhar aquilo que a espera até o final deste ano, é uma mensagem extremamente preocupante.

A Grécia enfrentou sexta-feira passada o vencimento de "papagaios" e seus correspondentes juros totalizando 2 bilhões de euros e na próxima sexta-feira deverá efetuar o pagamento de parcelas de taxas de juros totalizando 13 milhões de euros.

Depois, a situação endurece sobremaneira para o país e, por isso mesmo, não traz nenhuma surpresa que os CDS de cinco anos do país possam estar sendo negociados com 66% de pagamento de adiantamento, que o spread nos CDS de um ano já atinge as 10 mil unidades e que o bônus grego de 12 meses registra desempenho superior a 130% (isto para não falar sobre os títulos com prazo de vencimento maior).

Dados oficiais revelam que a Grécia deve ainda a pagar 3,6 bilhões de euros referentes a títulos vencidos (bônus e outros "papagaios" e suas correspondentes taxas de juros) e 1,17 bilhão de euros de parcelas de taxas de juros (os primeiros 2 bilhões de euros do total geral deverão ser pagos no dia 14 do mês que vem).

Em novembro próximo os vencimentos de dívidas (vencimentos de títulos estatais, outros papéis e parcelas de taxas de juros a serem pagas) atingem o total de 3,4 bilhões de euros e depois vem o pesadelo de dezembro, especificamente, a semana de Natal constituindo-se, talvez, a mais crítica deste ano. Vencem os prazos de bônus e outros "papagaios" variados, totalizando 11,722 bilhões de euros, mais 125 milhões de euros relativos a parcelas de taxas de juros.

É óbvio, então, que os mercados internacionais estejam calculando que a eclosão do default da Grécia ocorra antes do final deste ano, considerando que os pagamentos de parcelas de taxas de juros poderão ter uma tolerância de "graça", cuja duração poderá totalizar um mês e, assim, existe a possibilidade de atraso destes pagamentos, mas os pagamentos do valor nominal dos títulos em seus vencimentos dificilmente terão "sinal verde" de tolerância de um atraso.

Neste caso, não concede-se período "de graça" e, assim, com simples matemática, obrigatoriamente ocorrerá impossibilidade (interrupção) de pagamentos. Será o fim.

Questiona-se se a Grécia poderá conseguir em dezembro cerca de 12 bilhões de euros mesmo que receba a sexta parcela do primeiro pacote de salvação e destaca-se, ainda, o fato de os papagaios (e seus correspondentes juros) – cuja rolagem assumem os bancos – constitui um aspecto extremamente crítico, porque é uma questão de resistência e capacidade que os bancos da Grécia deverão enfrentar.

Outros países

Também a Itália tem gigantescos vencimentos, totalizando 93 bilhões de euros, dos quais 21,66 bilhões de euros deverão ser pagos até o final deste mês, mais 17,8 bilhões de euros com vencimento mês que vem, outros 34,5 bilhões de euros vencendo em novembro e, por fim, mais outros 19,4 bilhões de euros com vencimento em dezembro.

A Irlanda deu muitos passos decisivos e conseguiu reduzir sua "dor", mas enfrenta consideráveis vencimentos nestes últimos meses de 2011: 1,2 bilhão de euros em 18 do mês que vem e 4,4 bilhões em 11 de novembro.

A situação de Portugal é semelhante à da Grécia. Até o final deste ano deverá resgatar um gigantesco volume de títulos e parcelas de taxas de juros. Especificamente, na sexta-feira passada venceu uma dívida no total de 3,5 bilhões de euros (bônus), em 21 de outubro enfrentará o vencimento de 3,27 bilhões de euros (bônus) e 1,6 bilhão de euros em parcelas de taxas de juros.

Em novembro, enfrentará o vencimento de bônus no valor de 3,5 bilhões de euros, mais 52 milhões de euros em parcelas de taxas de juros. Finalmente, em dezembro os vencimentos atingem 1,28 bilhão de euros (bônus) e 91, milhões de euros em parcelas de taxas de juros.

Finalmente, mês que vem será o mês de pesadelo para a Espanha, quando deverá desembolsar 24,4 bilhões de euros para pagamentos de vencimentos de bônus e 3,9 bilhões para pagamento de parcelas de taxas de juros. Mas antes deverá pagar 7,5 bilhões de euros relativos ao resgate de títulos, mais 75 milhões de euros de parcelas de taxas de juros (dívidas que vencem neste mês de setembro).

Também, exatamente, 7.3 bilhões de euros deverá pagar por vencimento de títulos em novembro e mais 249 milhões de euros em parcelas de taxas de juros, enquanto mais de 10 bilhões de euros deverão ser pagos em dezembro, referentes ao vencimento de títulos, mais 183 milhões em parcelas de taxas de juros.

____________

Fonte: Monitor Mercantil