O lançamento da candidatura de Manuela D’Ávila a presidenta da República neste 1º de agosto de 2018 suscita uma indagação: que tipo de país o Brasil quer ser no futuro? 

Alckmin, Bolsonaro, Álvaro Dias, entre outras candidaturas do campo golpista, querem que o país siga na rota neocolonial, neoliberal, autoritária que tem sido imposta pelo desastroso governo Temer. A tragédia da qual a nação padece nos últimos três anos, a dor, as privações de toda ordem, as frustrações que os(as) brasileiros(as) sentem na carne e na alma evidenciam o quanto tal caminho é nefasto.

Manuela D’Ávila, talvez por ser a candidata que mais se comunica com a juventude – juventude que vê seus sonhos serem soterrados – vem armada de um sentido de urgência: agora e já o Brasil precisa trilhar outro caminho.

Imediatamente, diz Manuela, é preciso retirar o país da crise, promover o crescimento e a geração de empregos. Restaurar a democracia e o Estado Democrático de Direito.

Simultaneamente, agregar amplas forças políticas, econômicas, sociais, culturais, sob a liderança da esquerda, para que ganhe execução um novo projeto nacional de desenvolvimento.

O que salta aos olhos é que Manuela, no elenco das candidaturas existentes, se distingue por apresentar inovadoramente, na forma e no conteúdo, diretrizes e bandeiras de um projeto de desenvolvimento soberano como caminho para o país adentrar um novo de ciclo democrático de prosperidade econômica e de progresso social.

Certamente, e felizmente, a candidata dos comunistas não é a única a erguer essa bandeira; outras candidaturas também o fazem.

A singularidade é que Manuela renova o desenvolvimentismo. E mais: leva essa bandeira à juventude.

Como faz isso?

Primeiro. A deputada gaúcha, campeã de votos em seu estado, que pontua em todas as pesquisas, aponta ser preciso superar os obstáculos e distorções que o “antigo” nacional-desenvolvimentismo, hoje esgotado, não se propôs ou não pôde levar a cabo. Entre eles, Manuela destaca a escassa democracia sujeita a golpes e restrições periódicos; as gigantes desigualdades sociais e regionais; e o domínio direto ou dissimulado do imperialismo. Além de dar respostas às contradições que há no seio do povo brasileiro derivadas das singularidades do processo histórico de formação; entre elas, aquelas que derivam da pesada herança de mais de trezentos anos de escravidão.

Segundo. Manuela imprime ao projeto de desenvolvimento uma marca singular que vem do vigor, da pujança, de uma mulher que abraçou cedo a luta pela emancipação feminina, que amadureceu como cidadã e militante lutando pelos direitos da juventude de seu país. Com esses atributos, Manuela consegue filtrar e incorporar com eficácia, ao Projeto de Nação, as bandeiras identitárias hoje caras a movimentos sociais e culturais do Brasil.

Ao fazê-lo, Manuela agrega força, trabalha para criar um amálgama de gerações e classes – com a classe trabalhadora à frente – em torno da luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.

Assim, Manuela D’Ávila – desde sua pré-campanha e no seu primeiro discurso depois de oficializada candidata do PCdoB – demonstra que tem estatura política para governar o Brasil.

 

(Foto: Karla Boughoff)

Na convenção que a consagrou candidata pela histórica legenda do PCdoB, Manuela manteve-se coerente face ao principal dilema das forças progressistas na presente disputa: num quadro de dispersão, como assegurar a presença desse campo político no segundo turno das eleições, para, em seguida, vencer a disputa?

Na entrevista coletiva, Manuela, apesar da fragmentação da esquerda que perdura, reiterou a disposição dela e de seu partido de lutarem até o último minuto pela unidade que for possível. A esquerda tem o dever de vencer, tem a responsabilidade de batalhar para criar as condições da vitória; e a principal delas é a larga unidade.

Essa pregação paciente e persistente de Manuela é pertinente face a uma conjuntura na qual a grande mídia cuida de jogar gasolina nas desavenças da esquerda, cuida de fazer espetáculo de certa autofagia que grassa decorrente de condutas políticas equivocadas que afastam o povo da possibilidade real de conquistar sua quinta vitória.

Dada a circunstância de que as eleições se realizam sob a anomalia de um Estado de exceção que sufoca crescentemente o Estado Democrático de Direito, Manuela segue lutando por eleições verdadeiramente livres. Nesse sentido, voltou a bradar pela liberdade do ex-presidente Lula, arbitrariamente encarcerado e pelo seu direito de ser candidato.

Irrompe-se no cenário da disputa presencial um vento forte e bom de renovação. Numa das mãos, ela segura a bandeira da unidade, na outra, o estandarte de renovado projeto de Nação. Esse vento que veio lá do Sul do país chama-se Manuela D’Ávila, a terceira candidatura presidencial dos comunistas em quase um século da histórica legenda do PCdoB.

 

*Adalberto Monteiro é jornalista e poeta, secretário nacional de Comunicação do PCdoB