Com deselegância criminosa o ministro da Educação, o colombiano naturalizado brasileiro Ricardo Vélez Rodríguez, calunia os brasileiros, que chama de ladrões em entrevista para a revista Veja na edição desta semana.

Calúnia é crime previsto em lei. O artigo 138 do Código Penal é claro a respeito: “caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime” é delito punido com pena de prisão de seis meses a dois anos, além de multa. Esse crime também ocorre quando alguém, conhecendo a falsidade, difunde informações mentirosas contra a honra e a integridade moral de outra pessoa.

No caso do ministro, o crime não foi apenas contra uma pessoa, mas contra um povo inteiro, contra mais de 208 milhões de brasileiros, insultados por um ministro de quem se poderia esperar que defendesse os direitos dos brasileiros, e não que os atacasse grosseiramente.

O ministro age, em suas declarações, como um valentão de botequim, e reflete o comportamento do círculo íntimo do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro.

Ele já atacou o escritor católico Leonardo Boff, volta com freqüência sua fúria direitista e conservadora contra o que chama de “marxismo cultural”, pretexto para perseguir aqueles que não compartilham sua limitada cartilha conservadora. Já chegou ao disparate de acusar os membros da Capes e do CNPq de membros da extinta APML (Ação Popular Marxista Leninista), de gloriosa tradição na luta contra a ditadura militar e que, segundo a versão fantasiosa do colombiano que ocupa o ministério da Educação, teriam sido colocados à frente daqueles órgãos pelos generais de 1964, numa espécie de acordo que levasse ao fim da luta armada… Como se fora! Na repressão à oposição política e democrática, os generais de 1964 empregaram a perseguição, tortura e o assassinato, nunca nomeações tão fantasiosas como estas em que Ricardo Veléz diz acreditar.

Na declaração mentirosa feita à Veja, Ricardo Veléz insulta todo o povo brasileiro com grosseria, deselegância e falta de educação jamais vistas em alguém que ocupa um cargo tão alto no governo federa l – justamente o ministério da Educação.

Ele insulta os brasileiros que o acolheram, em 1979, quando aqui se refugiou fugindo da violência em seu país natal, a Colômbia, onde intelectuais e professores eram assassinados. Aqui completou a formação acadêmica e fez a carreira universitária que resultou no alcance do posto mais alto no setor, o de Ministro da Educação. Aqui foi recebido de braços abertos – tanto que, voluntariamente, em 1997, adotou cidadania brasileira e naturalizou-se.

É a este povo, e à tradição de acolhimento a todos que aqui se refugiam que Ricardo Veléz agride com sua declaração mentirosa proferida na entrevista à Veja.

José Carlos Ruy é jornalista