Há 150 anos, o proletariado de Paris se insurgiu contra as duras condições de sobrevivência imposta aos trabalhadores e a capitulação do governo fantoche francês frente às imposições das tropas prussianas que cercavam a capital. A insurreição passou à História como: a Comuna de Paris, a primeira experiência de um governo proletário da humanidade. O tempo cronológico, de 18 de março a 28 de maio, da Comuna de Paris de 1871, é muito curto, apenas setenta e dois dias. Com um inestimável significado para aqueles que querem uma sociedade justa, fraterna e igualitária. Ao mesmo tempo, encerra a Era das Revoluções Burguesas, para anunciar a Era das Revoluções Socialistas, tornada realidade a partir de 1917 com a Revolução Russa, e em 1949, com a Revolução Chinesa.

Para o professor Silvio Costa, autor do livro sobre a Comuna, que agora chega em sua terceira edição, “ao comemoramos os 150 anos da tentativa insurrecional do proletariado de Paris que, segundo Marx, tentou tomar o céu de assalto, abre-se uma oportunidade ímpar para analisarmos criticamente essa primeira experiência revolucionária proletária na História e extrair seus ensinamentos”.

Costa salienta que “do ponto de vista teórico, por ser a primeira revolução proletária, ela contribuiu decisivamente a partir de suas experiências econômicas, políticas, sociais e organizativas, para formular a teoria da revolução socialista e do Estado proletário”.

Segundo Costa, após 150 anos, a Comuna de Paris continua atual. “O seu estudo e conhecimento, associados aos de outras revoluções, contribuem para desnudar conhecidas e velhas falácias de fim da história, de retorno e vitória das ‘trevas fundamentalistas’”, afirma o professor.

“Ao estudar e conhecer esta experiência os democratas e pessoas progressistas, em particular o proletariado e assalariados em geral, compreenderão que não só é possível, mas é um dever fundamental e um direito lutar pelos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, desfraldadas pela Revolução Francesa em 1789 mas que, infelizmente, não se concretizaram para a maioria da população”, diz o autor. E completa: “Os ideais continuam atuais e estão presentes, em nosso dia a dia, como anseios e perspectivas, constituindo na seiva que levará, em breve, à construção de uma nova sociedade, justa, fraterna e igualitária”.

Experiência inspiradora e atual

 

A primeira edição de “Comuna de Paris – o proletariado toma o céu de assalto” foi lançada em 1998. Em 2011 ganhou uma segunda edição e, agora, em 2021, nos 150 anos da Comuna, terá sua terceira edição, ampliada, revista e ilustrada. O prefácio desta terceira edição é assinado pelo jornalista, analista político e diretor de Documentação do Diap, Antônio Augusto Queiroz.

Para a professora Madalena Guasco, da PUC-SP, que assina a apresentação da segunda edição do livro, “o trabalho de Sílvio Costa situa o leitor, levando-o a entender o panorama histórico e os importantes fatos nele contidos, bem como as correlações entre os acontecimentos, possibilitando ao leitor tirar conclusões do exame dessas ocorrências. Essa é uma preocupação contida no corpo desta obra. Contudo, ela se expressa mais fortemente nos anexos, apresentados em destaque ao final de sua edição”.

O livro mostra como, a partir de 18 de março de 1871, em condições extremamente adversas, é iniciado o processo insurrecional em reação às tentativas das tropas militares do governo fantoche francês de desarmar Paris. Imediatamente, é eleito democraticamente, através do sufrágio universal, o governo da Comuna que frente a necessidades impositivas, aprova importantes decisões político-administrativas, configurando assim um novo tipo de organização estatal. Exemplo utilizado por Marx e Engels para configurar o Estado pós-capitalista, socialista.

Entre estes decretos, a publicação ressalta: dissolução do exército regular, substituindo pelo povo em armas organizado na Guarda Nacional Democrática, sendo que os cargos de comando e todos os outros, vinculados às organizações político-administrativas, ocorreriam através de eleições para mandatos imperativos, ou seja, em caso de não corresponder às atividades e tarefas que lhes foram atribuídas poderiam ser demitidos. Um teto salarial para os funcionários do novo Estado, em torno do salário médio de um operário, assim o vencimento mais elevado de um empregado da Comuna, inclusive dos cargos dirigentes, não poderia exceder o teto.

Silvio Costa opina que, no atual contexto, estudar e conhecer, de forma mais sistemática e aprofundada as experiências revolucionárias que marcam o processo de emancipação dos povos oprimidos, assume grande atualidade, importância e urgência. “Isto, principalmente neste momento, de ofensiva de posicionamentos retrógrados, identificados com o fundamentalismo e a barbárie”.

Neste sentido, diz Costa, “continuam necessárias a continuidade das análises e avaliações sobre as experiências das revoluções proletárias, qualquer que seja a avaliação sobre seus resultados, seus erros e acertos. Mesmo sendo ainda revoluções incompletas que apresentam problemas e debilidades, elas nos permitem afirmar que, do ponto de vista da construção de uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna, são plenas de ensinamentos”.

Isso porque, segundo ele, as revoluções não são provocadas por fatores fortuitos, subjetivos, realizadas por vontades e desejos individuais. “As revoluções não são fatos produzidos artificialmente, não são resultantes das ações e da dedicação de alguns líderes, independente do processo histórico real. São sim, produzidas a partir das modificações estruturais – econômicas, sociais, políticas, culturais etc. – que aprofundam as contradições, inerentes ao próprio desenvolvimento das sociedades, e quando parcelas significativas da população compreendem que não é mais possível continuar vivendo sob a ordem existente e é necessário transformá-la”.

O autor conclui que, na atualidade, os ideais daquele movimento revolucionário, com o aprofundamento da crise do projeto civilizatório burguês, se colocam como exemplo inquestionável a todos aqueles que “almejam um futuro radiante, uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária”. “O socialismo já está presente e é o futuro da humanidade. Viva a Comuna de Paris!!!”, exclama Costa.

Financiamento via Catarse

Para viabilizar a publicação desta terceira edição do livro, com tiragem de 1.000 exemplares, e a produção de vídeos aulas sobre esta temática, o autor — através de seu canal “ConhecerTransformar – A Política como Espaço e Instrumento para a Transformação” — e a editora Anita Garibaldi lançaram uma campanha de financiamento no Catarse. As recompensas para quem aderir incluem, além do livro, opções de brindes extras como canecas temáticas, um pen-drive com vasto conteúdo sobre a Comuna. O livro deve estar impresso em meados de abril.

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Ainda há alguns exemplares da primeira e segunda edições do livro à venda na loja virtual da Editora Anita Garibaldi

SOBRE O AUTOR:

 

Sílvio Costa é natural de Pirenópolis (GO) e realizou seus estudos primário e secundário em Anápolis (GO). Em 1974 inicia seus estudos em Ciências Sociais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), concluindo-os em 1977, como Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Retornando a Goiás em 1978, é aprovado em concurso, tornando-se professor na área de Sociologia, Teoria e Ciência Política na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás), onde leciona até hoje. Em 1992, concluiu curso de especialização em Política Social na Universidade Católica de Goiás e, em 1994, Políticas Públicas na Universidade Federal de Goiás (UFG). Em 1996, na mesma UFG, concluiu o Mestrado em Filosofia. Cursou disciplinas nos doutorados em Sociologia e Política, em Relações Internacionais (América Latina) e Economia Política da União Europeia na Universidad Complutense de Madrid, Espanha.

É autor dos livros Tendências e Centrais Sindicais: o movimento sindical brasileiro de 1978 a 1994 (Editora PUC-Goiás/Anita Garibaldi); Comuna de Paris. O proletariado toma o céu de assalto (Editora da PUC – Goiás / AnitaGaribaldi / Fundação Mauricio Grabois), agora em 3ª edição, e Revolução e contrarrevolução na França. Vol 1: Revolução burguesa e contrarrevolução aristocrática (Editora PUC- Goiás/Anita Garibaldi). Organizou Concepções e formação do Estado brasileiro (Editora PUC- Goiás/Anita Garibaldi), em duas edições, e Estado e Poder Político. Do realismo político à radicalidade da soberania popular (Editora PUC-Goiás), em duas edições e várias reimpressões.