Ah! não pensei que sua voz
é um suspiro! Que êle tem
mãos de sombra, nem que é
o seu olhar lenta gôta
lunar tremendo de frio
sobre uma rosa.
                  Sua voz
abre a pedra, e suas mãos
partem o ferro, e seus olhos
ardendo chegam aos bosques
noturnos; os negros bosques.

 

Roçai-o: vereis que abrasa.
Dai-lhe a mão: e lhe vereis
a mão aberta em que cabe
Cuba como um fugitivo
rouxinol de asas molhadas
pela tormenta. Fitai-o:
vereis que sua luz vos cega.
Seguí-o, porém, na noite:
Oh? por que claro caminho
sua luz na noite vos leva !

 

Livro: Antologia Poética
Autor: Nicolás Guillén
Seleção e Adaptação: Ary de Andrade
Editora: Leitura