Mamãe Velha, venha ouvir comigo
o bater da chuva lá no seu portão.
É um bater de amigo
que vibra dentro do meu coração.

A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,
que há tanto tempo não batia assim…
Ouvi dizer que a Cidade-Velha,
– a ilha toda –
Em poucos dias já virou jardim…

Dizem que o campo se cobriu de verde,
da cor mais bela, porque é a cor da esp’rança.
Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde.
– É a tempestade que virou bonança…

Venha comigo, Mamãe Velha, venha,
recobre a força e chegue-se ao portão.
A chuva amiga já falou mantenha
e bate dentro do meu coração!

 

 

Poesia Africana de Língua Portuguesa (Antologia)
Maria Alexandre Dáskalos, Livia Apa, Arlindo Barbeitos
Lacerda Editores – edição 2003