Eu te saúdo ó França arrancada ao terror
Entregue à paz ó Nau que vem dos vagalhões
País que canta Orléans Vendôme Beaugency
Aves da tarde voai ao som dos carrilhões

Eu te saúdo ó França olhos de terna pomba
Não és nunca demais meu amor meus espinhos
Ó França minha rusga antiga e sempre nova
Messe de heróis teu chão um céu de passarinhos

Eu te saúdo ó França onde o vento amainou
Minha França imortal ó mão toda estendida
Por tua posição ao sopro do oceano
Para as aves do mar terem pouso e guarida

Eu te saúdo ó França onde a ave que se arrisca
De Lille à Roncevaux do Mont-Cenis ao mar
Pela primeira vez aprendeu a lição
De quanto é bem custoso um ninho abandonar

Gentil pátria comum da pomba ou do falcão
Que abrigas por igual o canto e o destemor
Eu te saúdo ó França onde o trigo e o centeio
Ao sol da diferença abrolham com vigor

Eu te saúdo ó França onde o povo é capaz
Desse labor que torna o dia arrebatado
E o forasteiro vem saudá-lo na cidade
Paris meu peito em vão três anos fuzilado

Ditosa e forte enfim como cendal envergas
Este arco-íris que sela uma eterna bonança
Liberdade a fremir no silêncio das harpas
As vagas da tormenta, hás de vencer ó França
 

Antologia da Poesia Francesa (do século IX ao século XX)
Organização: Cláudio Veiga
Editora Record – edição 1991