– Vem cá Brasil. Deixe eu ler a sua mão, menino.
Ponha agora um tostão pra buena – dicha.

Repare esse traço forte que você tem na mão, menino.
É a linha da vida. Você tem o Amazonas.
Nunca lê há de faltar nada quando você quiser ficar rico.

Aqui o São Francisco, – a linha da inteligência.
Já deu Rui Barbosa…

– E esse risquinho em cruz na beira da mão?
– Não faça caso… É o Iguaçu.
Pequenas contrariedades nos seus amores.
Você está na época da puberdade, menino.

Dê-me agora outro níquel pra dar sorte
Eu vou lê contar uma coisa boa:

– Você está vendo esse risco fundo
que atravessa a mão de baixo para cima?
Pois é a linha do coração:
Você ainda há de ser muito feliz, menino.
Essa linha… é da marcha da Coluna Prestes.

São Paulo, 1926.

 

Laércio Souto Maior
Luiz Carlos Prestes na Poesia – Contendo estudo da saga prestista, antologia poética, iconografia e cartas.
Travessa dos Editores – Sesquicentenário
1ª edição 2006.