Se nada é novo, e o que hoje existe
Sempre foi, por que falha a nossa mente
E, se esforçando por criar, insiste,
Parindo o mesmo filho novamente!
Que do passado houvesse uma mensagem,
Já com mais de quinhentas translações,
Mostrando em livro antigo a sua imagem
Quando a escrita mal tinha convenções!
Pr’eu ver o que então diria o mundo
Da maravilha dessa sua forma;
Se nós ou eles vamos mais ao fundo,
Ou se a revolução nada reforma.
Estou certo que os sábios do passado
A alvo bem pior tenham louvado.

 

William Shakespeare
Poemas de Amor
Tradução de Barbara Heliodora
Editora Ediouro – edição 2001