Queria poder te contar da minha inquietação corriqueira. Das noites em que imaginava ser outra, com menos sorrisos e mais palavras. O tempo me roubou as palavras. Especialmente as apaixonadas. E tenho seguido cansada, gorda de coisas por dizer. 

      Não há como te falar da minha vontade de conquistar mundos. De ultrapassar esses universos de solidão, vazios entre minha boca e teus ouvidos. Perdemos o gosto pelo outro. Principalmente pelos devaneios do outro. Só restou o concreto, com ares de inabalável. 

      Mas tenho uma delicada relação com o amanhã: continuo a acreditar em surpresas e em pequenas revoluções. Apesar dessas grades de silêncio, ainda consigo ver teus olhos. E eles conversam comigo, tristes.